AMAZUL e UNICAMP promovem workshop sobre tecnologia nuclear
04/12/2024 às 11:30

A irradiação de alimentos e a transição energética foram os temas do 1º workshop sobre tecnologia nuclear realizado no dia 29 de novembro pela AMAZUL, UNICAMP e o CEPID FAPESP CancerThera, em Campinas.
O workshop é umas das iniciativas decorrentes do memorando de entendimentos assinado em setembro entre a AMAZUL e a UNICAMP visando um convênio de cooperação.
O CEPID CancerThera (Centro de Inovação Teranóstica em Câncer) é beneficiário desse convênio, com a participação da AMAZUL na elaboração de projeto do laboratório para conduzir pesquisas sobre radiofármacos para tratamento de câncer.
A cooperação entre empresa e universidade para atender demandas do país foi enfatizada na abertura do workshop, da qual participaram o Prof. Dr. Antonio José de Almeida Meirelles (Reitor da UNICAMP), o Diretor-Presidente da AMAZUL, Newton Costa, e o Prof. Dr. Celso Darío Ramos (Vice-Diretor do Comitê Executivo do CEPID CancerThera e membro do Comitê Científico e Tecnológico da AMAZUL).
Segurança alimentar
Na primeira mesa-redonda do evento, o Prof. Dr. Marcelo Cristianini, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP, e o Supervisor de Proteção Radiológica da AMAZUL, Eros Carbi, destacaram a tecnologia de irradiação para a segurança alimentar, entendida tanto como solução para reduzir perdas e desperdícios na produção de alimentos quanto do ponto de vista da saúde do consumidor.
A irradiação permite ampliar o tempo de prateleira dos alimentos irradiados (e ampliar os mercados de exportação), prevenir doenças transmitidas por alimentos, retardar a germinação e amadurecimento de gêneros alimentícios e reduzir o uso de conservantes e agrotóxicos, entre outros benefícios.
Cristianini citou projeções da FAO de que a produção mundial de alimentos precisará crescer 60% para atender uma população que chegará a 9,1 bilhões de pessoas em 2050. A mesma FAO estima que desperdícios levam à perda de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos a cada ano.
Eros Carbi, que explorou os aspectos técnicos e econômicos das tecnologias disponíveis para irradiação, destacou estudos da World Health Organization. Segundo a WHO, uma em cada 10 pessoas no mundo adoece anualmente por causa de alimentos contaminados. A ingestão de alimentos inseguros é causa de 420 mil mortes por ano em todo o mundo. Desse total, 30% são crianças com menos de 5 anos de idade.
Os dois palestrantes apontaram o desafio de conscientizar os consumidores sobre os benefícios da irradiação de alimentos. “É preciso melhorar a transparência das informações sobre os alimentos, aproximar as áreas de conhecimento e educar as crianças”, recomendou o professor Cristianini. Além da conscientização da população, Eros Carbi destacou a necessidade de construir instalações de irradiação no Brasil, criar infraestrutura laboratorial e elaborar protocolos para exportação de produtos irradiados.
Transição energética
Na segunda parte do evento, o Coordenador Técnico Nuclear da AMAZUL, Leonardo Dalaqua, apresentou a tecnologia dos pequenos reatores modulares (SMRs) e seu papel estratégico na transição energética. Os pequenos reatores, com potência menor que 300 MWe, são equipamentos compactos, que podem ser construídos em série e transportados para o local de instalação onde passarão a gerar energia. À medida que aumente a demanda, novos módulos podem ser adicionados a uma mesma planta.
Dalaqua observou que atualmente existem 108 projetos de desenvolvimento de SMR no mundo e é importante que o Brasil desenvolva seu próprio projeto, inclusive para preservar o conhecimento nacional na construção de reatores nucleares.