Carta aberta ao setor energético
04/05/2020 às 12:17

Carta aberta ao setor energético
Esta carta é escrita num momento que só pode ser descrito como desafiador. A ABEN, Associação Brasileira de Energia Nuclear, quer por meio desta assegurar que a energia nuclear, em todas suas diversas aplicações, faça parte das questões estratégicas pós-pandemia e contribua adequadamente para o futuro sustentável para o qual estamos trabalhando.
Muito antes dessa pandemia, o mundo já sentia a necessidade de mais eletricidade com baixo teor de emissão de carbono e, apesar dos tempos difíceis à frente, é da maior importância que continuemos trabalhando para alcançar esse objetivo. A ABEN considera que o desenvolvimento da energia nuclear faz parte da maneira comprovada de criar energia de baixo carbono e preço acessível, bem como criar empregos e cadeias de fornecimento locais e de longo prazo de alto valor.
Em muitas partes do mundo a energia nuclear é a principal responsável pela energia limpa, e cria e mantém muitos empregos, tornando a indústria nuclear uma parte crucial do futuro sustentável que todos procuram construir. A crise atual, no entanto, veio reforçar a importância de que as usinas nucleares forneçam energia de carga de base confiável, acessível e constante para um mundo com necessidades crescentes, além de ajudar a fortalecer a segurança energética nos futuros tempos de incerteza.
Em resposta à atual crise econômica, grandes planos de estímulo ao emprego e à recuperação econômica têm sido propostos pelos governos. O Secretário-Geral da ONU sugeriu o desenvolvimento de economias mais fortes e sustentáveis para construir um mundo melhor, e com o Secretário-Geral da OCDE solicitou um "Plano Marshall Global". Esse fato oferece oportunidades significativas para a indústria nuclear.
Assim, o objetivo do projeto Harmony estabelecido pela World Nuclear Association (WNA), o qual propõe que a energia nuclear represente 25% de toda a matriz de energia elétrica global até 2050, o que requer a construção de uma nova capacidade nuclear de 1000 GWe nos próximos 30 anos, torna-se mais importante do que nunca. Para isso, é preciso acelerar os investimentos de longo prazo em infraestrutura para o desenvolvimento sustentável. Também é necessário, que os governos de todo o mundo acelerem a conclusão dos 439 reatores atualmente em construção, planejados e propostos para serem construídos, dentre os quais se inclui Angra 3. Esses projetos ofereceriam um impulso significativo a empregos de alta qualidade e impulsionariam a recuperação econômica.
Este deve ser um esforço conjunto para o setor nuclear, buscando o alinhamento com organizações globais como a OCDE-NEA e com muitos de nossos parceiros ao redor do mundo para influenciar os formuladores de políticas. Deve-se garantir que a indústria nuclear esteja na vanguarda, oferecendo soluções econômicas que liderem o caminho na batalha contra a recessão global que se avizinha e deve ser ultrapassada, fornecendo maneiras de salvaguardar a transição energética quando o governo precisar fazer suas escolhas de investimento.
A ABEN apresenta aqui um caso crucial para os formuladores de política energética, contribuindo para a recuperação econômica pós COVID-19. Juntos, garantiremos que o poder do átomo seja uma parte essencial do futuro. Continuaremos apoiando seus empreendimentos e, juntos, emergiremos com uma indústria de energia ainda mais forte, com a energia nuclear sendo parte de uma solução integral para muitos dos desafios e oportunidades que teremos pela frente.
Com os melhores cumprimentos da Direção da ABEN.
Rio de Janeiro, 10 de abril de 2020.