Marinha do Brasil reinaugura a Estação Antártica Comandante Ferraz
15/01/2020 às 16:48

A Marinha do Brasil (MB) reinaugura nesta quarta-feira (15 de janeiro) a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), base de pesquisa do Brasil na Antártica. O novo prédio, na ilha Rei George, na Baía do Almirantado, foi erguido ao lado da atual base, que tem estrutura provisória. As novas edificações configuram uma área de aproximadamente 4.500m2.
Prevista para terça-feira (14), às 17h, a cerimônia teve de ser adiada porque as condições climáticas impediram a chegada das autoridades ao local.
A Estação Comandante Ferraz foi criada em 1984, mas em 2012 sofreu um incêndio de grande proporções. Na ocasião, dois militares morreram e 70% das suas instalações foram perdidas. O governo federal investiu cerca de US$ 100 milhões na obra, e a unidade recebeu os equipamentos mais avançados do mundo. No local, pesquisadores vão realizar estudos nas áreas de biologia, oceanografia, glaciologia, meteorologia e antropologia.
O Brasil faz parte de um seleto grupo de 29 países que têm estações científicas na Antártica. Essa presença é muito importante porque, de acordo com o tratado antártico, só quem desenvolve pesquisas na região poderá definir o futuro do continente gelado.
Destaca-se no projeto arquitetônico a substancial ampliação da capacidade de pesquisa da nova estação em comparação à antiga, saindo de quatro para dezessete laboratórios no total, projetados e equipados para atender a uma multiplicidade de necessidades da comunidade científica brasileira, dentre os quais destaca-se: meteorologia, biociências, química, microbiologia, biologia molecular, bioensaios e de múltiplo uso.
A execução de obras no continente antártico é uma atividade complexa, que envolve uma grande quantidade de variáveis, levadas em consideração para que a construção do empreendimento pudesse transcorrer com o menor número de imprevistos. Em razão das condições severas do clima da região, as obras foram planejadas para ocorrer somente no período do verão antártico, situado entre os meses de outubro e abril.
Dessa forma, foram necessários três anos para que as instalações da EACF atingissem o ponto que permitiu sua operação com segurança, o que ocorreu em março de 2019. No entanto, em função da necessidade do comissionamento e teste dos novos sistemas, além do adequado treinamento do Grupo-Base, optou-se pela inauguração no início de 2020.
Nesse período da construção, estiveram envolvidos, direta e indiretamente, diversos colaboradores, dentre os quais destacam-se os engenheiros e operários da empresa China National Electronic Imports and Exports Corporation (CEIEC), chegando a somar 263 na área da estação no verão de 2018/2019.
Também se destacam os fiscais do MMA/IBAMA responsáveis por fiscalizar e mitigar possíveis impactos ambientais da obra no sensível ecossistema antártico. Engenheiros navais da Marinha acompanharam todas as etapas da empreitada, desde a elaboração do projeto técnico, pré-montagem dos módulos na China e sua efetiva construção na Antártica. Militares dos Grupos-Base da EACF auxiliaram na fiscalização e proveram os meios necessários para a permanência do pessoal na região com segurança e conforto. As tripulações dos Navios Polar “Almirante Maximiano” e de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel” auxiliaram no transporte de pessoal e material. Os militares do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) atuaram no planejamento e condução das Operações e coordenação do apoio logístico necessário.
A estação
O prédio principal da EACF está dividido em três grandes blocos, distribuídos da seguinte forma:
- Bloco Leste: destinado às pesquisas, convívio e serviços da EACF. Nele, estarão 14 laboratórios, refeitórios, cozinha, setor de saúde, sala de secagem e oficinas;
- Bloco Oeste: setor privativo e de convívio dos hóspedes da estação, onde estão instalados os 32 camarotes, uma biblioteca, uma academia e sala de vídeo/auditório. Em seus níveis inferiores, encontram-se os paióis de mantimentos e os tanques de água potável e para combate a incêndio; e
- Bloco Técnico: responsável por todo o controle e demanda da rede elétrica, sanitária e automação da estação, além de possuir espaço destinado à garagem de viaturas. É composto, dentre outros, por estação de tratamento de água e esgoto, praça de máquinas, geradores, sistema de aquecimento de água, setor de tratamento e incinerador de lixo e paióis diversos.
Leia mais: As fases da reconstrução
Leia a Ordem do Dia nº 01/2020 do Comandante da Marinha
Mais informações: https://www.mar.mil.br/estacao-antartica/
Foto: Mauricio Almeida/TV Brasil