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Brasil participará de projeto da Agência Internacional de Energia Atômica em preparação para futuras pandemias

Brasil participará de projeto da Agência Internacional de Energia Atômica em preparação para futuras pandemias

10/09/2020 às 16:14

Brasil participará de projeto da Agência Internacional de Energia Atômica em preparação para futuras pandemias
 

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br

A pergunta de 1 milhão de dólares da vez é sobre quando o mundo terá em mãos a tão aguardada vacina contra o coronavírus (Sars-CoV-2) causador da Covid-19. Mas enquanto o planeta está na corrida para desenvolver uma imunização eficaz que dê fim a esta terrível pandemia, outros cientistas e entidades estão já pensando no longo prazo, se preparando no enfrentamento de possíveis novos surtos no futuro. Foi o que disse o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, durante um encontro virtual nesta semana promovido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan). O argentino, que assumiu o cargo de liderança na agência no final do ano passado, afirmou ainda que o Brasil será um dos países envolvidos no projeto.

“Chegamos à conclusão de que está muito claro que esta pandemia não será a última. Estamos diante de um padrão muito claro de situações recorrentes: SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), Ebola, Zika, Chikungunya, Dengue e Covid-19”, afirmou Grossi. As palavras do argentino, apesar de preocupantes, encontram respaldo na Ciência. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros epidemiologistas espalhados pelo mundo afirmam que a Covid-19 não será a última pandemia que a humanidade enfrentará. Pensar desde agora na próxima crise sanitária mundial não é questão de esperar pelo pior, mas sim de estar pronto para quando a crise bater à porta.

“Nossa agência tem um papel e um mandato histórico [no monitoramento e detecção] das doenças zoonóticas. Decidimos potencializar [esse papel] através de uma iniciativa que se chama Zoonotic Disease Integrated Action (ZODIAC)”, disse o diretor-geral da AIEA. O objetivo do projeto é ajudar os países no uso de técnicas nucleares para a detecção rápida de patógenos que causam Doenças Animais Transfronteiriças, incluindo aquelas que se propagam aos humanos. Essas enfermidades matam cerca de 2,7 milhões de pessoas todos os anos. Assim, espera-se que a iniciativa ajude a preparar o mundo para futuros surtos.

Grossi explicou durante o evento que o projeto ZODIAC vai integrar todas as capacidades que a AIEA possui, junto com seus parceiros internacionais, como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a OMS. “É um esforço sem precedentes para alcançar a rede internacional de laboratórios nesse faro de vigilância zoonótica que, talvez, faltou no começo da crise da Covid-19”, acrescentou.

A AIEA está fornecendo atualmente assistência de emergência a cerca de 120 países no uso de testes para detectar COVID-19 rapidamente. Como se sabe, os principais e melhores exames para diagnóstico do coronavírus são os chamados RT-PCR, que  têm origem na tecnologia nuclear.

Grossi também mencionou como seria a participação dos laboratórios do Brasil dentro do projeto ZODIAC. “O que é interessante para países como o Brasil e outros na América Latina é que através dessa iniciativa ZODIAC  vamos trabalhar de forma muito mais intensa com os laboratórios mais importantes destes países. Temos muito contatos com laboratórios em São Paulo e outros laboratórios de ponta no Brasil, de modo que haverá uma cooperação maior entre a agência e o setor tecnológico de biossegurança nestes países latinos americanos e, certamente, no Brasil também”, explicou.

O dirigente da AIEA também afirmou que a agência continuará trabalhando para que a parceria positiva com o Brasil se torne ainda mais forte e agradeceu ao país por apoiar as atividades da agência na promoção do uso seguro e pacífico da energia atômica.

Este foi o sétimo webinar realizado pela Abdan em parceria com o Sebrae-RJ dentro de uma série de encontros virtuais em preparação para a Nuclear Trade and Technology Exchange (NT2E) – evento previsto para a segunda quinzena de julho de 2021. O presidente da Abdan, Celso Cunha (foto à direita), que fez a mediação do webinar, também convidou o diretor Rafael Grossi para participar da abertura do NT2E.

O próximo webinar da Abdan será na próxima semana, no dia 17, e vai debater o fomento à cadeia produtiva, com a participação do presidente da Apex-Brasil, Sergio Barbosa, e do diretor-superintendente do Sebrae-RJ, Antônio Alvarenga.

Fonte: Petronotícias