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 Novo PNE orienta construção de até 10 GW de energia nuclear no Brasil até 2050

 Novo PNE orienta construção de até 10 GW de energia nuclear no Brasil até 2050

07/07/2020 às 15:45

 Novo PNE orienta construção de até 10 GW de energia nuclear no Brasil até 2050

Por Davi de Souza, do site Petronotícias

O novo Plano Nacional de Energia (PNE) 2050 vai orientar a expansão do parque de geração nuclear no Brasil em volume entre 8 GW e 10 GW nos próximos 30 anos. A informação foi antecipada pelo secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive de Barros, durante uma transmissão online organizada pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan) e a Firjan. O documento completo deve ser apresentado ao público ainda nesta semana, quando deve entrar em consulta pública, ainda de acordo com o secretário. O número apresentado foi ao encontro das expectativas do mercado e sela o compromisso do governo em dar um novo impulso para o Programa Nuclear Brasileiro.

Reive Barros disse durante sua apresentação que o PNE trabalha com a premissa de que a demanda de energia elétrica pode crescer 2,5 vezes até 2050 (em comparação com 2015). Enquanto isso, o consumo de eletricidade poderá subir até 3,3 vezes dentro desse período, usando a mesma base de comparação. Com este dado em mãos, o governo planeja o quanto será necessário agregar de fontes de geração de energia para atender ao crescimento previsto.

Para satisfazer esta demanda futura, o secretário apresentou algumas justificativas que explicam a escolha pela fonte nuclear como alternativa dentro do novo PNE 2050. “Temos a sexta maior reserva de urânio do mundo e estamos falando de um país com nível de prospecção de 30% do território nacional. Temos a expectativa de que o Brasil alcance a segunda ou terceira posição a partir do momento que passar a prospectar mais”, afirmou Barros. Segundo ele,  isso seria combustível o suficiente para atender as necessidades do Brasil no patamar que está sendo definido no PNE, além de abrir a expectativa de exportação de urânio. “São benefícios dados mediante a uma simples e importante sinalização que estamos dando a partir dessas novas usinas nucleares que serão implementadas no Brasil”, acrescentou.

Além disso, Barros lembrou que além de ser uma fonte de geração limpa, a geração nuclear tem a vantagem de poder ser instalada próximo ao centro de carga, isto é, nas regiões do Brasil onde há um maior consumo de energia. “Ao colocar a usina próximo da carga, estamos trazendo uma geração firme, independente de um sistema de transmissão de longa distância”, disse.

Para alcançar o objetivo de chegar aos novos 10 GW de geração de energia nuclear, o secretário de planejamento listou algumas questões que ainda precisam ser superadas. A primeira delas diz respeito à comunicação. “Esta é uma fonte que só os iniciados sabem de sua importância e valor. É preciso que haja um esforço de comunicação mostrando as suas características e importância para sociedade como um todo”, declarou. Ele lembrou também de outros desafios que merecem atenção, como a manutenção de garantia de segurança da gestão dos rejeitos radioativos, a expansão da vida útil de reatores, a ampliação do conhecimento dos recursos minerais e adequações na legislação.

O presidente da Abdan, Celso Cunha, que fez a mediação do evento, ponderou que serão necessários altos investimentos para instalar os 10 GW, mas que apesar disto, a participação do setor privado é vedada pela constituição. Barros respondeu que é importante colocar em pauta a questão da participação da iniciativa privada nos projetos de geração nuclear no Brasil. “O que nos cabe nesse momento é dar uma informação sobre o potencial e a estratégia do Brasil de investir [em nuclear]. Isso para o investidor é importante. Observamos que as regras atuais não atendem uma segurança de investimento por parte de grandes empreendedores. É preciso fazer essa adequação e alterar o marco constitucional e legal para que venha ocupar essa nova dimensão, que seria a participação da iniciativa privada na expansão do setor nuclear brasileiro”, concluiu.

O webinar teve também a participação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral, que trouxe outros detalhes da elaboração do PNE 2050 e como a energia nuclear se insere neste plano. “Nós podemos enxergar no PNE o potencial, os benefícios e uma equação de benefícios e custos abrangente, que rondam o desenvolvimento e o consenso em torno da energia nuclear dentro de um contexto mais amplo, que ultrapassa o setor de energia elétrica. Ao reconhecer isso, trabalhamos no sentido de enfrentar os desafios que foram identificados. Reconhecendo que, ao enfrentá-los, o Brasil se coloca como um dos poucos países em condições estratégicas de oferecer ao mundo o acesso a um conhecimento para vencer uma serie de desafios, como mudanças climáticas, integração de renováveis, medicina, defesa, agricultura e outros”, concluiu.

Este foi o quarto webinar da série Nuclear Trade and Technology Exchange (NT2E), realizada pela ABDAN em parceria com o Sebrae, em preparação da NT2E – evento previsto para abril de 2021.

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